2014 é o ano do centenário de nascimento da cantora Aracy de Almeida

A chegada de 2014 abre - em tese - as comemorações do centenário de nascimento de Araci Teles de Almeida (19 de agosto de 2014 - 20 de junho de 1988) , memorável cantora carioca popularizada nos anos 1930 e 1940 com o nome artístico de Aracy de Almeida. A questão é saber se haverá de fato comemorações pela vinda ao mundo desta artista mais lembrada, por quem viveu os anos 1970 e 1980, como a jurada feia e ranzinza do Show de calouros, quadro do programa dominical do apresentador de TV Silvio Santos. Motivos não faltam para reedições de suas gravações, já que em 2014 a carreira fonográfica de Aracy - iniciada em janeiro de 1934 com a gravação de disco de 78 rotações por minuto editado pela gravadora Columbia - completa 80 anos. Cantora que subverteu os padrões comportamentais de época machista, Aracy de Almeida gravou discos com regularidade da década de 1930 aos dourados anos 1950. Foi, sim, uma das principais propagadoras do repertório do compositor carioca Noel Rosa (1910 - 1937) - inclusive na década de 1950, quando o Poeta da Vila já começava a ser esquecido - mas o fato é que a discografia de Aracy extrapola o cancioneiro de Noel. Araca também deu boa voz a muitas músicas do compositor carioca Roberto Martins (1909 - 1992). Compositores como o baiano Assis Valente (1911 - 1958) e o esquecido carioca Ciro de Souza (1911 - 1995) também são nomes recorrentes na obra fonográfica de Aracy de Almeida - obra atualmente distribuída entre os acervos das gravadoras Sony Music (herdeira dos discos da Columbia), Universal Music (desde 2013 dona dos fonogramas editados originalmente via Odeon) e Warner Music (detentora das gravações da Continental). O fato é que Aracy de Almeida caiu no samba com muita propriedade e foi uma das cantoras mais relevantes de sua época. Por isso mesmo, a agora centenária A dama do Encantado - epíteto preservado no título do antológico disco-tributo lançado pela cantora Olivia Byington em 1997 - merece ser lembrada pelo Brasil em 2014, o ano também do centenário de Dorival Caymmi (1914 - 2008).

Por Mauro Ferreira,
crítico musical

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