O Milagre de Santa Luzia

Com o sanfoneiro Dominguinhos como uma espécie de mestre de cerimônias, o documentário ''O Milagre de Santa Luzia'' viaja pelo Brasil para mostrar o uso da sanfona (acordeão, harmônica ou gaita, dependendo de quem fala) nos mais variados estilos musicais. Para os amantes de boa música, o filme promove encontros entre grandes instrumentistas em números improvisados, como o próprio Dominguinhos e o gaúcho Renato Borghetti.

Os tais encontros rendem boas canções, mas não tiram a atenção da parte informativa da obra. Os dois elementos que engrandecem ''O Milagre de Santa Luzia'' é exatamente equilíbrio entre música, emoção, diversão e informação.

Dos animados forrós do nordeste, a viagem musical que o espectador faz ao lado de Dominguinhos passa pelo Centro Oeste, pelos migrantes nordestinos e seus descendentes em São Paulo e chega até as fogueiras dos gaiteiros gaúchos. O filme contempla muitos músicos que adotam a sanfona como profissão, hobby e estilo de vida. A importância do longa só aumenta pela participação de alguns músicos que já morreram, como Sivuca.

Além da saudade de grandes nomes da sanfona, o filme guarda emoção quando fala de outros assuntos. Na parte paulistana do documentário, há espaço para falar um pouco do retirante, que tenta a sorte em São Paulo, mas deixou o coração em sua terra-natal. Nessa passagem, Dominguinhos vai às lágrimas e é difícil não se envolver nessa história que se repete em muitas famílias.

Por outro lado, há momentos para boas risadas. O alívio cômico vem de relatos apaixonados e de histórias muito engraçadas, como a do sanfoneiro que teve de improvisar canções estrangeiras mesmo sem saber falar inglês.

''O Milagre de Santa Luzia'' aborda todos os temas possíveis e imagináveis quando o assunto é sanfona. Depois de terminado o filme, o espectador fica com a impressão que já entrou em contato com todos os tópicos sobre esse eclético instrumento musical. Na verdade, não é exatamente isso que acontece.

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